Há quase 300 anos a cidade de Goiás é a casa de uma manifestação religiosa de origem medieval, que resistiu ao tempo: a Procissão do Fogaréu. A encenação reproduz a prisão de Jesus Cristo. Neste ano, cerca de 60 mil pessoas de todos os lugares do Brasil assistiram o espetáculo na quarta-feira (4). A procissão surgiu em 1745.
Pouco antes da meia noite, as luzes da cidade são apagadas. É o início da procissão. Logo na saída, no Museu da Boa Morte, o grupo de 40 farricocos aperta o passo para prender Jesus. O ritmo é marcado pelos tambores enquanto as tochas colorem de vermelho a escura madrugada.
Os farricocos representam os soldados romanos que saem para buscar e prender Jesus. Eles usam roupas coloridas e chapéus pontudos.
O grupo sai da igreja da Boa Morte, atravessa a ponte do Rio Vermelho, e faz a primeira parada na Igreja do Rosário. Os farricocos procuram por Cristo, mas ele não está mais lá.
A jornada continua até a Igreja de São Francisco, que representa o Monte das Oliveiras. O prédio é cercado pelos farricocos, o toque penoso do clarim emociona os fiéis e anuncia que Jesus Cristo acaba de ser preso. O trajeto tem cerca de 1,5 km e dura quase 1 hora.
A Procissão do Fogaréu é patrimônio cultural de Goiás devido à sua importância religiosa e cultural para o estado.
O frentista Natal Santos se veste de farricoco para encenar o Fogaréu há 38 anos. “Para mim é um grande privilégio estar revivendo a história de Cristo, é bastante emocionante”.