Sheila Mantovanni, de Mogi das Cruzes, foi denunciada pela PGR ao lado de outros 99 suspeitos que seguem presos. Julgamento começou 100 dias após vândalos depredarem sedes dos Três Poderes em Brasília.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes votou nesta terça-feira (18) para tornar réus os 100 denunciados pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro que depredaram a sede do STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Entre os denunciados, aparece o nome da professora Sheila Mantovanni, de Mogi das Cruzes, presa por participação nos ataques em Brasília. Moraes é o relator do caso na Corte.
O julgamento começou no plenário virtual exatos 100 dias após os atos de vandalismo que provocaram prejuízo de R$ 26,2 milhões nas sedes dos Três Poderes. Os outros 9 ministros têm até o dia 24 para inserirem seus votos no sistema eletrônico da Corte.
Desde o ataque, a Procuradoria Geral da República (PGR) já denunciou 1.390 pessoas por atos antidemocráticos, sendo 239 no núcleo dos executores, 1.150 no núcleo dos incitadores e uma pessoa no núcleo que investiga suposta omissão de agentes públicos.
Prisão da professora
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, Mantovanni aparece na Praça dos Três Poderes vestida de verde e amarelo e ressalta a quantidade de pessoas presentes no local no domingo. “Tamo chegando já, tamo chegando. É muita gente. E oh, não tem fim, não tem fim. E ainda tem gente lá no quartel, ainda tem gente no quartel. Vamo buscar agora o nosso poder”.
Nas imagens, a professora ainda pede que as Forças Armadas tomem o poder. “Pessoal, estamos aqui pacífico. Brasília, casa do povo é nossa. Me aguarde que eu vou voltar insuportável. Forças Armadas vão tomar o nosso poder. Chega de corrupção, chega, chega, chega. Agora é a nossa vez”.
Em uma rede social, a professora e se diz de direita e conservadora. O g1 não conseguiu localizar a defesa de Sheila.
Além da professora, a psicóloga Ana Dantas, do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Mogi das Cruzes, e o empresário Hedio Minoru Hiratuka, de Mogi, também foram presos em decorrência dos atos golpistas.
Dois inquéritos e denunciados presos
As denúncias foram oferecidas pela Procuradoria-Geral da República em dois inquéritos abertos para identificar os autores intelectuais, incitadores e executores dos crimes. Esses 100 denunciados estão presos.
A PGR afirma que os denunciados se associaram, de forma armada, a partir de convocações por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens com o objetivo de praticar crimes contra o Estado Democrático de Direito.
A denúncia afirma que “o grupo criminoso tentou depor, por meio de violência e grave ameaça, o governo legitimamente constituído”, sendo que isso “implicaria a prática reiterada de delitos até que se pudesse consolidar o regime de exceção pretendido pela massa antidemocrática”.
Caso o voto de Moraes prevaleça, os denunciados se tornarão réus e responderão por crimes como:
- associação criminosa armada;
- abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado pela violência e grave ameaça com emprego de substância inflamável contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima e
- deterioração de patrimônio tombado.