TSE formou maioria para tornar Bolsonaro inelegível por oito anos ao entender que houve abuso de poder político em reunião com embaixadores estrangeiros meses antes da eleição. No evento, o então presidente atacou as urnas e disseminou fake news sobre o processo de votação.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) formou maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por abuso de poder e deixá-lo inelegível por 8 anos. O placar do julgamento, que começou na última semana, está em 4 x 1 (acompanhe ao vivo aqui).
Votaram pela condenação: Benedito Gonçalves (relator), Floriano Marques, André Ramos Tavares e Cármen Lúcia. O único voto pela absolvição até agora foi o de Raul Araújo; faltam os votos de Nunes Marques e Alexandre de Moraes.
Também há maioria para absolver o ex-ministro Braga Netto, vice na chapa de Bolsonaro.
Com a confirmação da condenação, o ex-presidente ficará fora das eleições até 2030. Bolsonaro ainda pode recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).
O processo não tem consequências para o ex-presidente na área penal — como condenações a prisão ou a restrição de direitos. Há, no entanto, no STF e em instâncias inferiores da Justiça procedimentos penais que podem responsabilizar o ex-presidente por crimes.
Ações no TSE
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conta com 16 ações de investigação judicial eleitoral contra o ex-presidente Jair Bolsonaro — entre elas, a que a Corte Eleitoral julga neste momento.
Essas ações, conhecidas como AIJE, apuram condutas irregulares como abuso de poder político, econômico, uso indevido de meios de comunicação e condutas vedadas a agentes públicos.
As consequências destes processos, no entanto, são de natureza eleitoral, ou seja, não levam a prisões ou ao cumprimento de penas restritivas de direitos.
Se a ação for considerada procedente, por exemplo, o ex-presidente não poderá se candidatar a cargos públicos até 2030. Não será, no entanto, preso por isso.
Procedimentos no STF
No STF, Bolsonaro é alvo as seguintes apurações:
- incitação a atos antidemocráticos de 8 de janeiro, por uma postagem que questionou o sistema eleitoral — nesse caso, o ex-presidente foi incluído na investigação após decisão do ministro Alexandre de Moraes;
- inquérito por suposta interferência na PF — ainda em tramitação na Corte, mas com relatório da Polícia Federal e parecer da Procuradoria-Geral da República concluindo que não há crime;
- investigação sobre o vazamento de dados sigilosos de apuração da PF em live contra o sistema eleitoral — neste caso, o STF vai analisar um recurso da Advocacia-Geral da União contra a decisão de Moraes que, atendendo ao TSE, determinou a abertura de inquérito;
- investigação sobre fala que associou vacina da Covid ao risco de contrair HIV — também nesse caso, a Corte precisa analisar o recurso da Procuradoria-geral da República contra a decisão de abertura de inquérito;
- investigação, no âmbito da apuração sobre milícias digitais, de ataques às urnas eletrônicas em lives em 2021.
Neste mês, o ministro Dias Toffoli encaminhou, para instâncias inferiores da Justiça, as ações em que Bolsonaro é réu por apologia ao estupro e por injúria contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS)
Há ainda outras apurações que podem atingir o ex-presidente. A PF investiga a tentativa de integrantes do governo Bolsonaro de liberar joias milionárias recebidas da Arábia Saudita e apreendidas pela Receita.
E também se debruça sobre gastos do setor dos ajudantes de ordens de um da Presidência da República para pagar despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro