Home Cidades Cavalhada, império na casa do festeiro e até liberação de um preso: veja tradições da Festa do Divino de Mogi que foram perdidas

Cavalhada, império na casa do festeiro e até liberação de um preso: veja tradições da Festa do Divino de Mogi que foram perdidas

por Redação Gazeta Popular
Evento começa nesta quinta-feira (18) e, além de toda a programação religiosa, os moradores do Alto Tietê também poderão participar da tradicional quermesse, que estava suspensa há três anos por conta da pandemia de Covid-19.

A Festa do Divino Espírito Santo de Mogi das Cruzes começa nesta quinta-feira (18) e, além de toda a programação religiosa, os moradores do Alto Tietê também poderão participar da tradicional quermesse, que estava suspensa há três anos por conta da pandemia da Covid-19.

  • Cavalhada

A cavalhada é uma encenação das lutas medievais entre cristãos e mouros na Península Ibérica. A encenação é feita com espadas – que podem ser espadas sem o fio de corte ou pedaços de pau.

Segundo o historiador Glauco Riccieli, a tradição começou começou a perder forças em 1939 e, em 1942, a Festa do Divino já não contava mais com a apresentação.

Com o objetivo de retomar a tradição na cidade, os ex-festeiros, professores e irmãos Josemir Ferraz Campos e Jurandyr Ferraz de Campos organizaram de cavalhada em Mogi das Cruzes em 2002. Essa foi a última vez que a apresentação aconteceu na cidade.

  • Foguetes e rojões

Os fogos e rojões serviam para alertar o início das atividades da festa, sempre às 12h. Missas, rezas, levantamento de mastro e até abertura de império eram anunciados pelos fogos.

O sêo Heitor era responsável por fazer o lançamento dos rojões, todos de vareta – que mediam cerca de 1,60 m. Heitor foi homenageado no cartaz da Festa do Divino em 1996.

  • Império na casa do festeiro

Riccieli conta que, por volta dos anos 20, os festeiros eram responsáveis por toda a confecção e armazenagem dos doces – como o doce era enlatado, o preparo podia ser feito de quatro a seis meses antes da festa.

Além disso, o primeiro cômodo da casa dos festeiros virava o Império e ficava aberto à população. O local fechava à noite, mas no horário da alvorada já abria para visitação.

Nos anos 70, o Império foi transferido para as praças. Já na festa de 2003 foi construída uma casa, que é usada até hoje.

  • Liberação de um preso

O historiador relata que a prática era muito comum no Brasil Império e, com a chegada da República, perdeu grande parte da influência. “A ação era destinada aos presos que estavam quase cumprindo a pena. Faltando meses para o término da pena, ele poderia ser liberado”, diz.

Riccieli afirma que a tradição era muito simbólica e era tratada como “justiça divina”. Entretanto, a decisão era tomada em conjunto. Tipo de crime, o tempo da pena, tudo era avaliado entre a Justiça e a organização da Festa do Divino.

Além da liberação, os devotos do Divino também levavam mantimentos para os presos da cadeia de Mogi das Cruzes.

  • Origem do nome ‘Entrada dos Palmitos’

O nome é uma das curiosidades do cortejo composto por carros-de-boi, cavaleiros, charretes e devotos. A referência ao palmito é porque antes ele era abundante na Mata Atlântica presente na cidade. A tradição durou até o início da década de 90. A mudança aconteceu por conta da questão ecológica.

Entretanto, o palmito ainda faz parte da celebração. “O cortejo traz o carro com as mudas de palmito que são distribuídas à população, para que as pessoas possam plantar”, explica Josemir Ferraz Campos.

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