A campanha de Pablo Marçal à Prefeitura de São Paulo segue um formato incomum, liderada por uma equipe extremamente reduzida e centralizadora. No comando, dois nomes se destacam: Tassio Renam e Filipe Sabará. Entretanto, longe de serem figuras de confiança e experiência consolidada, ambos acumulam um histórico de polêmicas e ineficácia em campanhas eleitorais passadas, o que lança um sinal de alerta sobre a viabilidade dessa candidatura.
Tassio Renam, advogado goiano e braço direito de Marçal, é o responsável pela coordenação jurídica e estratégica da campanha. Sua proximidade com o candidato vem de tempos, quando atuava como CEO dos grupos empresariais de Marçal. No entanto, sua atuação no cenário político tem deixado a desejar. Em 2022, Tassio foi incapaz de evitar a impugnação da candidatura de Marçal à presidência da República, decisão que se repetiu quando o candidato tentou concorrer ao cargo de deputado federal. As duas tentativas frustradas expuseram a falta de preparo e conhecimento jurídico para enfrentar as complexas demandas de uma campanha nacional.
A entrada de Filipe Sabará na coordenação da campanha foi vista como uma tentativa de compensar a inexperiência de Tassio com alguém que, em tese, teria maior trânsito no ambiente político. No entanto, a escolha gerou ainda mais controvérsias. Expulso do Partido Novo em 2020, Sabará deixou um rastro de escândalos durante sua curta e conturbada carreira política. Na época, sua candidatura à Prefeitura de São Paulo foi marcada por uma crise de credibilidade, após a FAAP desmentir a informação de que ele estaria cursando uma pós-graduação na instituição. O episódio gerou um processo na Comissão de Ética do partido, levando à sua exclusão e inviabilizando a campanha.
O histórico de Sabará também inclui um episódio de ruptura política com João Doria, de quem era aliado. As críticas à sua atuação na gestão pública e o temperamento explosivo renderam-lhe inimizades que, até hoje, dificultam sua aceitação nos círculos políticos paulistas. Mesmo assim, Tassio apostou em Sabará como peça-chave para a campanha, o que vem se mostrando uma estratégia arriscada e potencialmente autodestrutiva.
Nos bastidores, a dupla Tassio e Sabará é vista como um dos fatores que mais comprometem a candidatura de Marçal. A centralização excessiva e a falta de uma equipe técnica mais experiente agravam a percepção de que a campanha é amadora e mal estruturada. Fontes internas relatam que a relação entre os dois coordenadores também não é das melhores, com divergências constantes sobre os rumos da candidatura e a abordagem junto aos eleitores.
As dificuldades da campanha refletem-se nas pesquisas de intenção de voto, que mostram um Marçal em queda livre, com um índice de rejeição que só aumenta. Analistas políticos apontam que a insistência em manter uma equipe tão restrita, especialmente com coordenadores marcados por falhas e controvérsias, pode ser o fator decisivo para a derrocada da candidatura.
Enquanto isso, a campanha patina na tentativa de conquistar a confiança do eleitorado paulistano. A falta de propostas claras e a ausência de uma estratégia de comunicação eficaz dificultam o avanço nas pesquisas. A imagem de Marçal também sofre com a associação direta a Tassio e Sabará, figuras que trazem à tona lembranças de fracassos eleitorais passados e ineficiência na gestão de crises.
Apesar das críticas, Marçal parece determinado a manter sua equipe de confiança, mesmo que isso signifique sacrificar a competitividade da campanha. A aposta em Tassio e Sabará como coordenadores exclusivos pode indicar uma tentativa de Marçal de manter o controle total sobre a candidatura, mas essa decisão tem se mostrado cada vez mais arriscada e contraproducente.
A alta rejeição e o crescimento lento nas pesquisas mostram que a estratégia atual precisa ser revista com urgência. A manutenção de Tassio e Sabará no comando pode acabar levando a campanha a um ponto sem retorno, comprometendo não apenas o resultado eleitoral, mas também a imagem pública de Marçal como candidato.
Os próximos dias serão decisivos para avaliar se Marçal conseguirá superar as adversidades e reorganizar sua campanha, ou se permanecerá preso a uma estrutura que, até o momento, tem se mostrado mais um peso do que um impulso rumo à vitória. Enquanto isso, a centralização e a falta de renovação na coordenação continuam a alimentar a percepção de que a candidatura está cada vez mais distante de apresentar uma alternativa viável para a gestão da cidade de São Paulo.