O mistério sobre a violação do túmulo do serial killer Lázaro Barbosa segue em investigação pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO). A sepultura do criminoso, enterrado em junho de 2021 no Cemitério Municipal de Cocalzinho de Goiás, foi encontrada com sinais de escavação e destruição na tarde de ontem. Peritos criminais constataram que nenhum resto mortal foi levado.
A polícia segue investigação para localizar o responsável pela violação. Ao Correio, o delegado regional de Águas Lindas de Goiás, Cleber Junio Martins, confirmou que a sepultura foi danificada, mas que nenhum resto mortal foi levado. “Quando tivermos algo concreto, divulgaremos”, frisou o investigador.
A reportagem conversou com a mulher que filmou a sepultura. Cristiane Aquino, 30 anos, relatou que chegou por volta das 15h20 de ontem ao cemitério para levar a mãe em visita ao túmulo de um tio. “Quando chegamos, nem focamos na sepultura do meu tio, porque logo notamos que a do Lázaro estava muito bagunçada, tudo revirado”, afirmou a vendedora.
Imediatamente, Cristiane resolveu filmar o local e divulgou em um grupo de WhatsApp da cidade. A comerciante conta que conhece a sepultura do Lázaro pelo fato de ela e a família visitarem o cemitério ao menos uma vez por mês. “O túmulo do Lázaro fica a três depois do meu tio. Então, a gente já sabia. Há cerca de três anos que meu tio faleceu, então sempre visitamos. Parecia uma cena de terror. Dava para ver até umas marcas de unha”, detalhou.
Ontem, a vendedora resolveu voltar um pouco mais tarde ao cemitério e, segundo ela, o coveiro relatou que, pela manhã, não chegou a entrar porque estava chovendo muito e, por isso, ninguém se deu conta da violação no túmulo.
Relembre o caso Lázaro
Lázaro Barbosa é o autor do assassinato de quatro pessoas da família Vidal, em Ceilândia Norte, em 2021. Depois, ficou foragido e se escondeu nos distritos de Edilândia e de Girassol, que pertencem a Cocalzinho. Nesse período, invadiu chácaras, fez pessoas reféns e trocou tiros com a polícia.
Na madrugada de 9 de junho daquele ano, os empresários Cláudio Vidal de Oliveira, 48, Cleonice Marques, 43, e os filhos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15, foram surpreendidos em casa por Lázaro Barbosa. Com arma de fogo e uma faca, ele rendeu a família, matou Cláudio, os dois filhos e sequestrou Cleonice, que depois foi morta. Pela falta de elementos, até hoje a polícia não sabe dizer se o criminoso agiu ou não sozinho — o inquérito segue aberto na 24ª Delegacia de Polícia (Setor O).
Ao longo das investigações, surgiram suposições do que poderia ter motivado a chacina. Entre elas, o fato de Lázaro Barbosa ter sido contratado como matador de aluguel por fazendeiros ou de pertencer a uma organização criminosa especializada em grilagem de terras. Essas hipóteses, no entanto, não são as principais linhas de investigação da polícia.
Antes de cometer os homicídios, Lázaro violou sexualmente outra mulher. A vítima, de 39 anos, estava em casa, no Sol Nascente, com o marido e o filho quando, por volta das 2h, o criminoso invadiu o local. Ele rendeu e prendeu os homens em um quarto e roubou os celulares de todos. Depois, levou a mulher a uma área de mata fechada, onde a estuprou.
Sem se intimidar com a mobilização dos policiais, Lázaro invadiu outra chácara um dia depois do assassinato da família Vidal. A proprietária e o caseiro ficaram reféns do criminoso por cerca de cinco horas. Em fuga para o município de Cocalzinho de Goiás, Lázaro cometeu uma série de crimes sem interrupção: baleou pessoas, inclusive um policial, roubou carro, ateou fogo em casa, trocou tiros com caseiro etc.
Após 20 dias de buscas, em 28 de junho, Lázaro foi assassinado após trocar tiros com policiais militares de Goiás, em Águas Lindas.